Após 50 Anos, Ave Extinta Retorna à Mata Atlântica em Minas Gerais
- Redação Portal News

- 24 de mai.
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Depois de cinco décadas fora do seu habitat natural, o mutum-do-bico-vermelho (Crax blumenbachii) está de volta ao Parque Estadual do Rio Doce, em Minas Gerais.
Essa reintrodução, considerada um marco na conservação da Mata Atlântica, é resultado do projeto “De Volta ao Lar”, desenvolvido pela Associação de Amigos do Parque (DuPERD) em parceria com o Instituto Estadual de Florestas (IEF).
A iniciativa combina ciência, educação ambiental e engajamento comunitário, com o objetivo de restaurar a presença da ave na maior área contínua de Mata Atlântica preservada do estado.
“Desejamos que o mutum retorne ao ecossistema e à cultura das comunidades locais”, afirma Gabriel Ávila, analista ambiental do IEF e coordenador do projeto.
A jornada de reintrodução começou nos anos 1990, com a Fundação Crax, que se destacou na reprodução em cativeiro e na soltura de aves ameaçadas.
Com o apoio da empresa Cenibra, mais de 200 indivíduos foram liberados a partir da Reserva Particular Fazenda Macedônia, em Ipaba (MG).
Em 2023, o projeto entrou em uma nova fase, focando no Parque Estadual do Rio Doce. Cerca de 30 aves foram reintroduzidas na região da Ponte Perdida, escolhida por suas condições ecológicas favoráveis.
“O mutum é um plantador de florestas. Sua presença é essencial para a regeneração da mata, já que dispersa sementes”, explica o biólogo e consultor Luiz Eduardo Reis.
Os primeiros resultados são promissores.
Um casal com filhote foi avistado recentemente, confirmando a adaptação da espécie e sua reprodução em ambiente natural.
Moradores também têm relatado avistamentos da ave em áreas verdes próximas ao parque, indicando o impacto positivo do projeto não apenas na biodiversidade, mas também no engajamento da comunidade.
Financiado pelo Fundo Brasileiro para a Biodiversidade (FUNBIO) até dezembro de 2025, o projeto conta com uma rede de parceiros, incluindo a Cenibra, a Sociedade Zoológica de Londres (ZSL), o Instituto Nacional da Mata Atlântica e instituições de ensino da região.
Além da soltura e monitoramento das aves, são realizadas oficinas com jovens e produtores rurais, produção de gibis educativos e ações em escolas, fortalecendo o vínculo entre a população e a conservação ambiental.
Com 36 mil hectares de floresta, o Parque Estadual do Rio Doce — criado em 1944 — é um dos últimos refúgios da biodiversidade da Mata Atlântica em Minas.
O retorno do mutum-do-bico-vermelho simboliza a força da colaboração entre ciência, políticas públicas e comunidades na recuperação de espécies e na restauração do equilíbrio ecológico.







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