Siderúrgicas de MG suspendem atividades e empregos estão em risco após tarifa dos EUA
- Redação Portal News

- 30 de jul.
- 2 min de leitura

O anúncio do governo dos Estados Unidos de que poderá implementar uma tarifa de até 50% sobre produtos brasileiros, incluindo o ferro-gusa, já está gerando impactos significativos na indústria de Minas Gerais, mesmo antes da medida entrar em vigor.
Pelo menos cinco siderúrgicas no estado começaram a suspender ou reduzir suas operações devido à queda acentuada nas encomendas de empresas americanas.
O setor, que depende fortemente das exportações para os EUA, enfrenta um cenário de incerteza. A informação foi publicada pelo jornal O Tempo.
Minas Gerais abriga cerca de 50 usinas de ferro-gusa, que empregam diretamente cerca de 10 mil trabalhadores.
A cadeia produtiva também inclui produtores de carvão vegetal, essenciais para o processo siderúrgico, que também devem sentir os efeitos da diminuição nas atividades.
De acordo com o Sindicato da Indústria do Ferro em Minas Gerais (Sindifer), o estado produziu 3,8 milhões de toneladas de ferro-gusa em 2024, sendo que 68% desse total foi destinado à exportação, com 84% apenas para os Estados Unidos, que é o maior consumidor do insumo brasileiro.
A retração do mercado já levou a medidas emergenciais. A Fergubel, localizada em Matozinhos (RMBH), colocou 120 de seus 144 funcionários em férias coletivas a partir de segunda-feira (28).
A paralisação, inicialmente prevista para 15 dias, pode ser estendida por mais duas semanas, dependendo das negociações internacionais.
Em Itabirito, a Siderúrgica Itabirito, anteriormente conhecida como VDL Siderurgia, também interrompeu suas operações.
A empresa, que destina 95% de sua produção ao mercado norte-americano, teve todos os contratos com os EUA congelados. Sem demanda externa, a fábrica optou por conceder férias coletivas a cerca de 100 funcionários a partir de 12 de agosto.
A direção alertou que, embora a medida vise evitar demissões imediatas, cortes mais severos poderão ocorrer caso a situação persista. “Sem compradores, não há produção. Sem produção, não há trabalho,” lamentou a empresa em nota.
Situação semelhante ocorre em Sete Lagoas, onde a Sama Siderurgia desligará o alto-forno nesta quarta-feira (30).
Isso resultará no afastamento temporário de entre 100 e 120 dos seus 150 empregados. Segundo o gerente industrial Thiago Valente Carneiro, um pedido já em andamento foi cancelado por uma empresa americana, refletindo a insegurança no setor.
Na busca por reverter a situação, representantes das siderúrgicas se reuniram na terça-feira (29) com o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), em Brasília.
A comitiva também busca um encontro com o ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira, para discutir soluções diplomáticas e estratégias para mitigar os impactos econômicos.
Os empresários afirmam que a tarifa anunciada por Donald Trump tornaria inviável a continuidade das exportações.
“Se o percentual prometido for realmente aplicado, os custos não poderão ser absorvidos nem pelos importadores americanos, nem pelos exportadores brasileiros,” declarou um representante do setor.
Apesar da gravidade da situação, até o momento não houve avanços concretos nas negociações entre os governos brasileiro e norte-americano.
Enquanto isso, cresce a apreensão nas cidades mineiras cuja economia depende diretamente da produção e exportação de ferro-gusa.







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